O governador do estado australiano de Vitória decretou esta terça-feira o perdão póstumo a um homem enforcado há 86 anos, acusado de violação e morte de uma menina de 12 anos, após pesquisa que desacreditou as provas utilizadas, informa a Lusa. Colin Campbell Ross, que foi enforcado em 1922 com 29 anos, foi perdoado pelo governador David de Kretser, facto que motivou o regozijo tanto dos familiares de Ross como da vítima, Alma Tritschke, que subscreveram a petição do perdão. Os acusadores alegaram que Ross, que dirigia um bar em Melbourne, tinha dado álcool a Alma, antes de a violar e estrangular na noite de Ano Novo de 1921. A única prova apresentada foram cabelos numa toalha, que os acusadores disseram pertencerem a Alma.
Condenado e enforcado
Apesar de testemunhas terem apresentado álibis para Ross, este foi condenado e enforcado quatro meses depois, protestando a sua inocência. O perdão assentou na pesquisa de Kevin Morgan, que escreveu um livro sobre o caso, onde apresenta novas análises forenses sobre os cabelos encontrados, verificando-se não pertencerem a Alma. Foram também apresentadas novas provas sobre o carácter da testemunha central do processo. O procurador-geral de Vitória, Rob Hulls, declarou que tinha levado a petição ao Supremo Tribunal, recebendo a opinião de ter havido «má aplicação da justiça no caso de Ross». Ross é apenas «perdoado» e não «absolvido» porque, explicou Hulls, «não é possível novo julgamento». Assim, o perdão tem como efeito declarar «o reconhecimento de que o estado perdoa as consequências legais do crime». O estado de Vitória aboliu a pena de morte em 1975.